quarta-feira, 22 de julho de 2009

O conune e uma esperança


Nesta ultima semana participei do conune (congresso nacional da une) em Brasília, desde o inicio a idéia de participar deste espaço não me encantava dada a experiência do coneb (congresso de entidade de bases) realizado em Salvador, que aconteceu de forma desorganizada e acima de tudo despolitizada, eu esperava que esse novo encontro fosse feito da mesma forma, e de certa maneira foi, notava-se no semblante da organização que majoritariamente era composta pelas forças políticas ligadas ao governo uma falta de vontade em construir um espaço democrático em que se privilegiasse as opiniões diferentes.
Desde a localização dos alojamentos da oposição até a composição das mesas para os debates, podia-se notar a manobra para tornar este encontro como palco para as eleições presidenciais de 2010, colocar como cidade sede do encontro Brasília, uma cidade em que tudo é distante e se locomover é complicado, tendo o frio quase que insuportável para os que saem das regiões mais quentes do país e que foi bravamente suportado até o final, o clima seco que derrubou vários companheiros por desidratação, prejudicando ainda mais a participação de um numero maior de estudantes nas atividades.
A normal e ao mesmo tempo inaceitável falta de estrutura dos alojamentos, o clima festivo que desmobilizava as discussões políticas, o horário dos debates mais importantes que sempre se chocavam, e trazia para nós a difícil tarefa de escolher as prioridades ou os temas centrais para demonstrar a nossa política, em fim uma infinidade de dificuldades, de onde podia vim a esperança desse quadro?
De onde menos se espera, o nosso grupo (contraponto) desde o inicio junto a outros grupos de esquerda, mostrou que neste congresso as coisas seriam diferente, a começar pelo ato em defesa do pretóbras, em que abandonamos quando notamos que aquilo seria mais um palanque para Dilma e lula, no debate sobre a reforma política também tivemos um bom saldo nas nossas intervenções, e junto ao companheiro Luis Araújo( séc. geral do Psol) mostramos que somos diferentes da ala governista, que temos sim um modo de fazer política diferente, e é por esse motivo que não fechamos com esse governo de direita e neo liberal.
A tarde no debate do Ivan sobre a crise mundial, atividade em que colocamos a maioria dos nossos militantes, polarizamos e muitas vezes vencemos o debate sobre qual a opção política a esquerda deveria seguir nestes momentos, muitas vezes nos emocionamos durante a fala do companheiro Ivan, que mostrava a todo as contradições deste governo e deixava ainda mais clara qual a opção de classe que esse fez, e o quanto é baixo o conteúdo programático do PT para o ano de 2010, uma política ligada a figura do lula sem nenhum conteúdo político que rompa com a lógica que vivemos, que me desculpem alguns companheiros pelo termo mais isso sim é populismo, nota-se um rebaixamento das idéias, uma aceitação de tudo, e isso deve ser o mais combatido neste ano que vai entrar, como foi combatido naquele espaço, e não meramente combatido mas também apontando uma outra saída para a crise que vivemos e mostrarmos que ainda somos sim capazes de reverter esse quadro.
A noite em meio a festas marcadas, aos trios elétricos tocando axé e pagode, tivemos a iniciativa juntamente com outros companheiros da esquerda de fazermos a mesa sobre movimento estudantil, é preciso ressaltar que esse foi o debate mais democrático do congresso, todas as teses sentaram para debater, e ali se deu mais um debate sobre qual o nosso papel da une e no movimento estudantil, ficaram claras mais uma vez a posição em que sem encontram as varias correntes no m.e., e como é central o nosso debate sobre uma nova cultura democrática, autônoma e de luta nos fóruns que definem o rumo do movimento.
Caminhávamos juntos a uma saída unificada de todos os setores que componham a oposição de esquerda, tivemos a paciência de conjuntamente buscarmos uma coletividade nas ações e principalmente na plenária final, e buscar uma união para alem da disputa dos cargos da une, sairmos de lá unificados para formar trincheiras nas lutas que iremos enfrentar nas universidades.
Tudo isso que vos contei aqui, para mim tornou este espaço sempre fadado ao desanimo, ao conformismo em um local aonde a esperança desponta como uma flor que brocha do chão de cimento da capital federal, rompendo com todas as forças as condições do tempo, do solo, do clima, da historia que a todo tempo tentam nos contar, a esperança companheiros renasce na simples junção daqueles que são excluídos ou não concordam com aquilo que estar sendo imposto, e insistem em sonhar, pois ao meu ver não há nada mais perigoso para as classes dominantes do que o sonho sonhado junto pelos que lutam por um mundo diferente, liberto de todas as amarras que prendem e matam a nossa juventude.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Se eu calei foi por tristeza, você cala por calar

Se eu calei foi por tristeza, você cala por calar

Vive-se no instituto de letras da UFBA um clima de silêncio, marcado pelo comodismo da comunidade dicente que insiste em não ver a grande injustiça que estão cometendo contra os nossos direitos, ficam calados, parados, movem-se como marionetes a serviços do que cometeram o golpe, é um golpe, foi desferido pelas costas, pelos que contávamos como nossos companheiros, e não sei se esse silêncio é causado por isso, a traição muitas vezes nos coloca diante daquilo que vemos e não queremos acreditar.
O comodismo se arrasta com vários nomes, omissão, alienação, falta de comprometimento, cada um com seu motivo tenta dizer a si mesmo que não há o possa ser feito contra essa situação e diante disso me acometeu um sentimento de tristeza, logo em nosso curso com discussões tão politizadas, que pregam a democratização da gramática e dos métodos de ensino do português, logo lá que vemos a desconstrução das mais diversas teorias na literatura, logo lá que se envaidece tanto de ser um berço de intelectuais.
É TRISTE ver como nossos companheiros agem diante dessas situações, se calaram por calar, o silêncio impregna a tudo, toma conta das nossas canetas, a critica a sociedade já não pode ser mais feita nas provas, agora somos iguais aos que estão fora de lá contribuindo para que ela continue desse jeito, desigual, corrupta e racista, não podemos mais falar de democracia, depois desse fato não, qualquer coisa relacionada a este tema soará falso e eu incrédulo daqueles que falarão, nem pedirei fala, ficarei olhando para perceber neles ares de falsidade.
Depois disso é só esperar pelo triste desfecho deste episodio, entregar algo que foi conquistado assim de mão beijada é muito ruim para a nossa imagem de estudantes conscientes da nossa participação na sociedade, deixar de lutar, de fazer um ato contra a imposição dos professores é um erro histórico e vai ficar para sempre marcado na historia do nosso curso, sempre irão lembrar do dia em que os estudantes se omitiram, e falarão que muito se omitiram não por ser despolitizado, mas por ter concordado com aquilo que estava sendo imposto, pois não existe omissão, o que existe é algo parecido com aproveitamento de um local politicamente respaldado para garantir a permanência das coisas como estão, e é isso que se faz, ao não fazer nada, fazemos tudo a favor dos que nos dominam, calamos os que querem falar, os tornamos tristes por querer dizer e não conseguir