segunda-feira, 8 de novembro de 2010

não vou desistir

em 2007 no dia do mes de outubro, num domingo, a cidade amanheceu triste e anciosa, apreensiva, ninguem dormiu direito, o almoço foi feito de uma forma irrisoria, ninguem queria nada, o evento só começaria as 18 hs, naquele dia peguei o onibus que sempre ia cheio vazio, não havia alegria, bandeiras e camisas na ladeira da fonte. nda lembrava a festa que a torcida fazia. lá dentro um misto de tristeza e esperança juntava os corações dos ali presente, eram 8.927 e mais alguns da imprensa, um numero irrisorio pra quem não via mais de 20 mil nas arquibancadas.
as 18 a cidade parou, as pessoas se refugiaram dentro de casa ou nos bares, alguns acompanhados, a grande maioria só, vivendo a solidão de uma serie C desumana e de uma direção corrupta e assassina, a grande massa ferida se dividia entre legionarios solitarios, grupos nomades e um pequeno exercito que não recuou da luta e foi ao campo de batalha.
na quela noite interminavel,que até hoje dura, a esperança morreu com o sol e ressurgiu no iluminar da lua, ninguem chutava, ninguem tocava, sobrou uma bola, todo mundo gritou: chuta! ele simplismente tocou, a bola cruzou toda salvador, um suspiro que saiu de cajazeiras deu a volta pela ribeira e subiu em direção a nazaré, encontrou charles, só ele a bola e a nação, a dor se resumiu em um grito, toda a cidade gritou.
todo mundo viu, naquele dia a gente não desistiu, não podemos ter posicionamentos pessimista agora quando a nossa felicidade parece tão proxima e real, muito mais do que naquele dia, o nosso povo tem uma historia de resistencia linda e grandiosa,o time do bahia sempre levou isso para o campo, o nosso time é conhecido por nunca se render, a sua torcida canta até o fim, o seu hino levanta e emociona corações, todos podem um dia desistir, mas hoje não, é dia de acreditar e cantar até o fim

quarta-feira, 19 de maio de 2010

quis lê-la em tudo

no pentiado do cabelo
partido ao meio,
na argola na orelha,
nos olhos negros,
no top que sem precisar
segura os seios,
na calça jeans que delinea
o corpo inteiro,
o corpo inteiro que se
mostra como um segredo,
quando ela anda,
tudo para:
sinal vermelho,
quando sorri
tudo se abre:
as flores, o céu,
tudo fica colorido,
rosa, azul, vermelho.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Resultado na UFBA: todo mundo perdeu!

Resultado na UFBA: todo mundo perdeu!

Aconteceu algo incrível nas eleições para o DCE da UFBA, todo mundo perdeu, alguns incrédulos ainda tentam confirmar a tal informação, nem quem venceu comemora, ao contrario tenta ao todo omitir qual foi o verdadeiro resultado das eleições, já foi tomada a posse, mas nada é de fato esclarecido, pequenas concordâncias feitas com a cabeça indicando sinal de positivo esclarecem as coisas para quem ousar perguntar sobre esse processo, nenhuma palavra é dita, nenhum documento inscrito, não há vida e nem gestão, entre os estudantes ninguém assume o voto mas todo mundo discorda do resultado ou do processo, o sentimento de derrota atingiu a todos, até aqueles que tiveram êxito estão desanimados, andavam em grupos, identificados, e hoje andam mudos e separados, há um sentimento de culpa pairando sobre a universidade, todo mundo estar pagando o ônus da derrota com o próprio sangue que se derrama lentamente, gota a gota, as esperanças vão caindo e mancham toda a universidade de um vermelho forte que andava a tremular nas passeatas. A derrota foi se dando de uma forma tão imperceptível que quando ocorreu tomou um tamanho insustentável, alguns ainda pelos cantos tentando entender como aconteceu, cálculos são feitos e refeitos afim de dar um novo resultado, nada muda, a derrota a cada dia que passa se torna mais presente, irreversível para muitos, inaceitável para outros tantos ela ganha vida e se naturaliza nas mentes e nas congregações, consunis, consepes que ocorrem sem ninguém ser informado.
A derrota ganhou noticia fora da universidade, a grande mídia deu um enfoque especial sobre ela, foi entrevistada e recebida nos grandes meios de comunicação do estado, comemorou junto as conservadores e foi celebrada nas altas cúpulas, diziam alguns “demos um grande passo para tornar esse estado o que queremos”.
A derrota, meus caros, calou meu peito, feriu minha alma, partiu-me ao meio, encheu de raiva o coração da menina, de lagrimas os olhos de muitos, mas até elas se recusaram a sair e foram limpas com a mesma resignação que foram feitas, ela ainda matou a esperança de um tanto de gente que ainda acreditava e feriu gravemente outras, o saldo final é desolador, todo mundo saiu ferido, contam-se aos montes os deprimidos alcoolizados que andam a vagar pela universidade gritando palavras amaldiçoando tal processo e ainda é maior os iludidos que outrora foram apaixonados e hoje são céticos a tal sentimento.
A derrota, mesmo para quem venceu, é inquestionável, matar um instrumento de luta e toda a sua historia é de uma crueldade assemelhada a uma chacina em um bairro negro em que todos mortos, alem de negros eram inocentes, corações e mentes ressentidas tentam achar uma saída, politizar, formar mas tudo esbarra nas marcas que a derrota deixou, marcou a alma da sede do DCE, as paredes de s.lazaro e as escadarias do PAF, tudo aqui agora cheira a cadáver, algo morreu e teima em não querer ser enterrado, respira com dificuldades no peito de alguns e ainda anda a falar pelas vozes de alguns, em um ultimo esforço para ressuscitá-lo alguns esforços estão sendo feito, mas nada muda o resultado dessa eleição.
Todo mundo perdeu!

sábado, 10 de abril de 2010

cada pessoa é um livro

é preciso le-la
decifra-la
em cada palavra
cada suspiro
em tudo buscar um significado
uma explicação
ler a cor dos olhos
o sorriso ironico
e descobrir em cada movimento
um segredo, um desejo.
prestar atenção nos cotovelos,
nos roçar dos dedos,
no apoiar das mãos,
e olhar dentro dos olhos castanhos,
negros
apreciar o desenho que cabe dentro dele,
querer tocar o rosto
roubar um beijo, ou quem sabe, a atenção
sentir bater o coração
ouvir cada palavra em sua plenitude,
como se estivesse escrita em uma folha
suave e simples de seda.
o corpo inteiro se transforma em livro,
que nescessita ser lido,
tocado, sentido.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Não são só R$0,10

Bom esse texto era para falar de assistência estudantil, acessibilidade e por fim um dialogo com a questão do transporte, mas quando sair na sexta do bonfim fui pego de surpresa paguei R$ 1,15 e nem notei, só fui saber quando cheguei em casa, bom o valor é algo tão irrisório e insignificante no inicio, mas depois de algum tempo tomei a verdadeira noção da problemática, não só R$ 0,10, são R$ 3,10 por mês e exatos R$37,20 por ano aumente por o numero de pessoas que pegam transporte publico em salvador e verão o quanto os grandes empresários arrecadarão a mais neste ano.
Penso que ainda há algo que ultrapassa os valores financeiros, o tempo que perdemos no ponto, a condição do veiculo utilizado e a insegurança que esse serviço nos proporciona e em meio a isso tudo a algo que não deveria ter preço: a nossa liberdade de ir e vim que consta na constituição é altamente prejudicada com essa medida, nos vemos presos em casa por não ter dinheiro para sair, estudar, trabalhar ou simplesmente nos divertir.
Criar uma relação entre questões aparentemente ligadas a universidade a um problema que a maioria da população sofre quando vemos que os dois lados são impedidos de exercer com plenitude os direitos que os foram dados, as pessoas hoje são impedidas de querer algo melhor para si porque simplesmente não tem dinheiro para sair, vivemos hoje uma ditadura tão feroz e ao mesmo tão silenciosa que nem notamos isso, ficamos em casa deprimidos e com um sentimento de total incapacidade, como se a culpa fosse nossa sofremos calados imersos em uma solidão sem fim.
Sem transporte ou sem um acesso garantido a ele ficamos sem direito a saúde, educação e emprego, perdemos tudo, a nossa interferência no meio social se restringe ao meio familiar e mesmo assim com muitas restrições, o estado outrora responsável por manter e garantir direitos hoje age com as grandes empresas para cada vez mais retira-lo, notamos isso quando sentimos na pele, mas acontece o mesmo na previdência social, perdemos direitos importantes e nem notamos, o silencio da mídia se espalha por todos os lados, ouvimos alguns gritos silenciados pela força da repressão do estado.
Por fim, lutar por um serviço publico de qualidade que nos possibilite exercer os nossos direitos seja em que espaço for não é só dever de quem o sofre mais diretamente, a luta por ampliação da assistência estudantil na UFBA não terá nenhum sentido se essa não estiver alinhada a uma luta travada aqui fora que é a melhoria do transporte publico em salvador, porque antes do estudante entrar na universidade ele tem que pagar o transporte, tirar o ssa card, em fim, ele tem que chegar a universidade,esse aumento nos deve trazer a tona um debate a muito esquecido nos meios acadêmicos, a acessibilidade, no mundo aonde tudo é controlado, o acesso se torna cada vez mais uma regalia para poucos e por mais que hajam cotas e outros programas que possibilitem a entrada na universidade, o estudante no final não terá como se manter.
Afinal qual a família de salvador pertencente a um bairro popular que tem 3 filhos e terá que disponibilizar por mês R$9,30 a mais no transporte escolar e R$111, 60 por ano, no fim quando vemos um jovem servindo ao trafico ou em um subemprego entendemos muito bem o que essa pratica nos dar, uma exclusão sem tamanho que remete a juventude dos bairros populares a uma vida reduzida a nada sem sonhos.