domingo, 24 de janeiro de 2010

Não são só R$0,10

Bom esse texto era para falar de assistência estudantil, acessibilidade e por fim um dialogo com a questão do transporte, mas quando sair na sexta do bonfim fui pego de surpresa paguei R$ 1,15 e nem notei, só fui saber quando cheguei em casa, bom o valor é algo tão irrisório e insignificante no inicio, mas depois de algum tempo tomei a verdadeira noção da problemática, não só R$ 0,10, são R$ 3,10 por mês e exatos R$37,20 por ano aumente por o numero de pessoas que pegam transporte publico em salvador e verão o quanto os grandes empresários arrecadarão a mais neste ano.
Penso que ainda há algo que ultrapassa os valores financeiros, o tempo que perdemos no ponto, a condição do veiculo utilizado e a insegurança que esse serviço nos proporciona e em meio a isso tudo a algo que não deveria ter preço: a nossa liberdade de ir e vim que consta na constituição é altamente prejudicada com essa medida, nos vemos presos em casa por não ter dinheiro para sair, estudar, trabalhar ou simplesmente nos divertir.
Criar uma relação entre questões aparentemente ligadas a universidade a um problema que a maioria da população sofre quando vemos que os dois lados são impedidos de exercer com plenitude os direitos que os foram dados, as pessoas hoje são impedidas de querer algo melhor para si porque simplesmente não tem dinheiro para sair, vivemos hoje uma ditadura tão feroz e ao mesmo tão silenciosa que nem notamos isso, ficamos em casa deprimidos e com um sentimento de total incapacidade, como se a culpa fosse nossa sofremos calados imersos em uma solidão sem fim.
Sem transporte ou sem um acesso garantido a ele ficamos sem direito a saúde, educação e emprego, perdemos tudo, a nossa interferência no meio social se restringe ao meio familiar e mesmo assim com muitas restrições, o estado outrora responsável por manter e garantir direitos hoje age com as grandes empresas para cada vez mais retira-lo, notamos isso quando sentimos na pele, mas acontece o mesmo na previdência social, perdemos direitos importantes e nem notamos, o silencio da mídia se espalha por todos os lados, ouvimos alguns gritos silenciados pela força da repressão do estado.
Por fim, lutar por um serviço publico de qualidade que nos possibilite exercer os nossos direitos seja em que espaço for não é só dever de quem o sofre mais diretamente, a luta por ampliação da assistência estudantil na UFBA não terá nenhum sentido se essa não estiver alinhada a uma luta travada aqui fora que é a melhoria do transporte publico em salvador, porque antes do estudante entrar na universidade ele tem que pagar o transporte, tirar o ssa card, em fim, ele tem que chegar a universidade,esse aumento nos deve trazer a tona um debate a muito esquecido nos meios acadêmicos, a acessibilidade, no mundo aonde tudo é controlado, o acesso se torna cada vez mais uma regalia para poucos e por mais que hajam cotas e outros programas que possibilitem a entrada na universidade, o estudante no final não terá como se manter.
Afinal qual a família de salvador pertencente a um bairro popular que tem 3 filhos e terá que disponibilizar por mês R$9,30 a mais no transporte escolar e R$111, 60 por ano, no fim quando vemos um jovem servindo ao trafico ou em um subemprego entendemos muito bem o que essa pratica nos dar, uma exclusão sem tamanho que remete a juventude dos bairros populares a uma vida reduzida a nada sem sonhos.